sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Blues da solidão



A véspera do escarro, o vinho entorna
Bate o copo na mesa com severidade
Um olhar triste e vago reflete no espelho
Há muito já perdera a vida,
Envelhecendo a própria liberdade.

O homem vazio olha a sua grande janela
Quanto céu! Quanta imensidade!
Pena não poder ter asas
Voar em direção a outra realidade

Escarra novamente, recolhe seu violão
Entoa o som da primavera
Vazio agora é seu coração
Deitado no chão espera a sua Quimera
Hei de devorar-te o que lhe resta
Morre acompanhado da solidão
O homem vazio agora aqui jaz
Sem escarro, sem vinho, sem canção.

Um cigarro, uma poesia




Procuro versos entre os cantos empoeirados do meu velho quarto
Cada livro uma promessa a ser mantida
Folhas em branco, mente riscada, desenhada, esculpida
Cada dia é dia de te querer, e todo dia eu não posso ter você

Então espero, canso, tomo um café e adormeço
Apago um cigarro, as cinzas decoram meu velho quarto empoeirado
E os meus livros? Ah! Estes estão bem guardados
Uma promessa que um dia os lerei,
Uma promessa não cumprida, porém mantida
Como as promessas que me fez.

Ainda vejo teus olhos nos meus,
Ainda ouço com atenção suas palavras
Como se cada detalhe me trouxesse as memórias que não foram salvas

Vou retirar a poeira, queimar meus livros e fumar outro cigarro
Antes que tudo vire de cabeça pra baixo
E eu fique presa ao passado do erro aqui deixado

                                                                                     

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